2012-11-15

Enciclopédia - Artigos: Portal da Língua Portuguesa

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O português desenvolveu-se, na parte ocidental da Península Ibérica, do latim falado, trazido pelos soldados e colonos romanos desde o século III a.C.. A língua iniciou o seu processo de diferenciação das outras línguas românicas depois da queda do Império Romano e das invasões bárbaras no século V. Começou a ser usada em documentos escritos pelo século IX, e no século XV tornara-se numa língua amadurecida, com uma literatura bastante rica.
Chegando à Península Ibérica em 218 a.C., os romanos trouxeram com eles a língua romana popular, o latim vulgar, de que todas as línguas românicas (também conhecidas como "Línguas novilatinas", ou, ainda, "neolatinas") descendem. Já no século II a.C. o sul da Lusitânia estava romanizado. Estrabão, um geógrafo da Grécia antiga, comenta num dos livros da sua obraGeographia: "Eles adoptaram os costumes romanos, e já não se lembram da própria língua." A língua tornou-se popular com a chegada dos soldados, colonos e mercadores romanos, que construíram cidades romanas normalmente perto de antigos povoados de outras civilizações.
Entre 409 d.C. e 711, assim que o Império Romano entrou em colapso, a Península Ibérica foi invadida por povos de origem germânica, conhecidos pelos romanos como bárbaros. Os bárbaros (principalmente os suevos e os visigodos) absorveram em grande escala a cultura e a língua da península; contudo, desde que as escolas e a administração romana fecharam, a Europa entrou na Idade Média e as comunidades ficaram isoladas, o latim popular começou a evoluir de forma diferenciada e a uniformidade da península rompeu-se, levando à formação de um "Romance Lusitano". Desde 711, com a invasão islâmica da península, o árabe tornou-se a língua de administração das áreas conquistadas. Contudo, a população continuou a usar as suas falas românicas de tal forma que, quando os mouros foram expulsos, a influência que exerceram na língua foi relativamente pequena. O seu efeito principal foi no léxico, com a introdução de milhares de palavras.
Os registos mais antigos que sobreviveram de uma língua portuguesa distinta são documentos administrativos do século IX, ainda entremeados com muitas frases em latim. Hoje em dia, essa fase é conhecida como o "Proto-Português" (falado no período entre o séculos IX e XII).

Portugal tornou-se independente em 1143 com o rei D. Afonso Henriques. A língua falada à época, o português antigo (antepassado comum ao galego e ao português modernos, do século XII ao século XIV), começou a ser usada de forma mais generalizada, depois de ter ganhado popularidade na Península Ibérica cristianizada como uma língua de poesia. Em 1290, o rei Dom Dinis cria a primeira universidade portuguesa em Lisboa (o Estudo Geral) e decretou que o português, até então apenas conhecido como "língua vulgar" passasse a ser conhecido como Língua Portuguesa e oficialmente usado.
No segundo período do Português Arcaico, entre os séculos XIV e XVI, com as descobertas portuguesas, a língua portuguesa espalhou-se por muitas regiões da Ásia, África e Américas. Hoje, a maioria dos falantes do português encontram-se no Brasil, na América do Sul. No século XVI, torna-se a língua franca da Ásia e África, usado não só pela administração colonial e pelos mercadores, mas também para comunicação entre os responsáveis locais e europeus de todas as nacionalidades. A irradiação da língua foi ajudada por casamentos mistos entre portugueses e as populações locais e a sua associação com os esforços missionários católicos levou a que fosse chamada Cristão em muitos sítios da Ásia. O Dicionário Japonês-Português de 1603 foi um produto da actividade missionária jesuíta no Japão. A língua continuou a gozar de popularidade no sudoeste asiático até ao século XIX.
Algumas comunidades cristãs falantes de português na Índia, Sri Lanka, Malásia e Indonésia preservaram a sua língua mesmo depois de terem ficado isoladas de Portugal. A língua modificou-se bastante nessas comunidades e, em muitas, nasceram crioulos de base portuguesa, alguns dos quais ainda persistem, após séculos de isolamento. Encontra-se também um número bastante considerável de palavras de origem portuguesa no tétum. Palavras de origem portuguesa entraram no léxico de várias outras línguas, como o japonês, o suaíli, o indonésio e o malaio.
O fim do "Português Arcaico" é marcado pela publicação do Cancioneiro Geral de Garcia de Resendeem 1516. O período do "Português Moderno" (do século XVI até ao presente) teve um aumento do número de palavras originárias do latim clássico e do grego, emprestadas ao português durante a Renascença, aumentando a complexidade da língua.
Em março de 2006, fundou-se em São Paulo o Museu da Língua Portuguesa.

Classificação e línguas relacionadas
  • Indo-europeu
    • Itálico
      • Românico
        • Românica ocidental
          • Galo-Ibérico
            • Ibero-Romance
              • Ibero-Ocidental
                • Galaico-português
A língua portuguesa é, em alguns aspectos, parecida com a língua castelhana, tal como com a língua catalã ou a língua italiana, mas é muito diferente na sintaxe, na fonologia e no léxico. Um falante de uma das línguas requer alguma prática para entender capazmente um falante da outra. Além do mais, as diferenças no vocabulário podem dificultar o entendimento. Compare por exemplo:
Ela fecha sempre a janela antes de jantar. (português)
Ella cierra siempre la ventana antes de cenar. (castelhano)
Em alguns lugares, o português e o castelhano são falados em conjunto. Enquanto que os falantes de português têm um nível notável de compreensão do castelhano, os falantes castelhanos têm, em geral, maior dificuldade de entendimento. Isto ocorre porque o português tem a maior parte dos sons do castelhano, mas possui alguns que são únicos. No português, por exemplo, há sons anasalados e, no Português europeu o final das palavras não é pronunciado por completo. Essas peculiaridades dificultam a compreensão dos falantes castelhanos. O português é, naturalmente, relacionado com o catalão, o italiano e todas as outras línguas latinas. Falantes de outras línguas latinas podem achar peculiar a conjugação de verbos aparentemente infinitivos.
Há muitas línguas de contato derivadas do ou influenciadas pelo português, como por exemplo o Patuá macaense de Macau. No Brasil, destacam-se o Lanc-Patuá derivado do francês e vários quilombolas, como o cupópia do Quilombo do Cafundó, de Salto de Pirapora SP[2]


Distribuição Geográfica
O português é primeira língua em Angola, Brasil, Portugal, São Tomé e Príncipe e Moçambique.
A língua portuguesa é também a língua oficial de Cabo Verde e uma das línguas oficiais da Guiné Equatorial (com o Espanhol e o Francês), Timor-Leste (com o tétum), Macau (com o chinês). É bastante falado, mas não oficial, em Andorra, Luxemburgo, Namíbia e Paraguai. Crioulos de base portuguesa são a língua materna da população de Cabo Verde e de parte substancial dos guineenses e são-tomenses.

O português é falado por cerca de 187 milhões de pessoas na América do Sul, 16 milhões de africanos, 12 milhões de europeus, dois milhões na América do Norte e 330 mil na Ásia.

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CPLP ou Comunidade dos Países de Língua Portuguesa é uma organização internacional constituída pelos oito países independentes que têm o português como língua oficial. O português é também uma língua oficial da União Europeia, Mercosul e uma das línguas oficiais e de trabalho da União Africana. A União Latina é outra organização internacional constituída por países de línguas românicas como o português. A língua portuguesa tem ganhado popularidade como língua de estudo na África, América do Sul e Ásia.

Padrões

O português tem duas variedades escritas (padrões ou standards) reconhecidas internacionalmente:
  • Português Europeu e Africano (Português europeu)
  • Português do Brasil (Português brasileiro)
Empregado por cerca de 85% dos falantes do português, o padrão brasileiro é hoje o mais falado, escrito, lido e estudado do mundo. É, ademais, amplamente estudado nos países da América do Sul, devido à grande importância econômica do Brasil no Mercosul.
As diferenças entre as variedades do português da Europa e do Brasil estão no vocabulário, na pronúncia e na sintaxe, especialmente nas variedades vernáculas, enquanto nos textos formais essas diferenças diminuem bastante. As diferenças não são maiores que entre o inglês dos Estados Unidos e do Reino Unido ou o francês da França e de Québec. Ambas as variedades são, sem dúvida, dialectos da mesma língua e os falantes de ambas as variedades podem entender-se apenas com pequenas dificuldades pontuais.
Essas diferenças entre as variantes são comuns a todas as línguas naturais, ocorrendo em maior ou menor grau, dependendo do caso. Com um oceano entre Brasil e Portugal, e ao longo de quinhentos anos, a língua evoluiu de maneira diferente em ambos os países, dando origem a dois padrões de linguagem simplesmente diferentes, não existindo um padrão que seja mais correto em relação ao outro.
É importante salientar que dentro daquilo a que se convencionou chamar "português do Brasil" e "português europeu", há um grande número de variações regionais.
Um dos traços mais importantes do português brasileiro é o seu conservadorismo em relação à variante européia, sobretudo no aspecto fonético. Um português do Século XVI mais facilmente reconheceria a fala de um brasileiro do Século XX como sua do que a fala de um português. O exemplo mais forte disto é o vocalismo átono usado no Brasil, que corresponde ao do português da época dos descobrimentos. Este fato destrói todo um discurso muito comum no Brasil que procura minorar a herança portuguesa, valorizando apenas as influências africanas e italianas. Destrói também todo um discurso muito comum em Portugal que tenta fazer dos portugueses falantes com mais direitos e autoridade do que os brasileiros. Assim, a linguística não só retira qualquer autoridade de qualquer variante em relação às outras, como mostra que a distância entre as variantes e entre os seus falantes não é tão grande como muitos pensam.
Durante muitos anos os dois países estiveram de costas voltadas, legislando sobre a língua sem darem atenção um ao outro, nem aos restantes países lusófonos. O que mais afasta as duas variantes não é o seu léxico ou pronúncia distintos (considerados naturais até num mesmo país), mas antes o facto, pouco comum nas línguas, de seguirem duas ortografias diferentes. Por exemplo, o Brasil eliminou o "c" das seqüências interiores cc/cç/ct, e o "p" das seqüências pc/pç/pt sempre que não são pronunciados na forma culta da língua, um remanescente do passado latino da língua que persistiu no português europeu.
Europa e ÁfricaBrasil
acçãoação
actoato
contactocontato
direcçãodireção
eléctricoelétrico
óptimoótimo
adopçãoadoção
Por seu lado, Portugal aboliu unilateralmente o trema em palavras como freqüente, enquanto no Brasil esse sinal continua sendo utilizado para indicar quando o "u" é pronunciado nas sílabasque/qui/gue/gui. Também ocorrem diferenças de acentuação devido a pronúncias diferentes. No Brasil, em palavras como acadêmicoanônimo e bidê usa-se o acento circunflexo por tratar-se de vogais fechadas, enquanto nos restantes países lusófonos estas vogais são abertas: académico,anónimo e bidé respectivamente.

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990

O Acordo Ortográfico de 1990 foi proposto para criar uma norma ortográfica única, de que participaram na altura todos os países de língua oficial portuguesa, com a adesão da delegação de observadores da Galiza. Os signatários que ratificaram o acordo original foram Portugal (1991), Brasil (1996), Cabo Verde (2006) e S. Tomé e Príncipe (2006). Timor-Leste, não sendo um subscritor do acordo original, ratificou-o em 2004.
Em julho de 2004 foi aprovado, em São Tomé e Príncipe, o Segundo Protocolo Modificativo, durante a Cúpula dos Chefes de Estado e de governo da CPLP. O Segundo Protocolo permitiu que o Acordo passasse a vigorar com a ratificação de apenas três países, sem a necessidade de aguardar que todos os demais membros da CPLP adotassem o mesmo procedimento. Assim, tendo em vista que o Segundo Protocolo Modificativo foi ratificado pelo Brasil (2004), Cabo Verde (2006) e S. Tomé e Príncipe (Dez. 2006), e que o Acordo passaria automaticamente a vigorar um mês após a terceira ratificação necessária, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa está em vigor, na ordem jurídica internacional e nos ordenamentos jurídicos dos três Estados acima indicados, desde 1º de Janeiro de 2007. Cf. Nota da CPLP

Dialetos

A língua portuguesa tem grande variedade de dialetos, muitos deles com uma acentuada diferença lexical em relação ao português padrão, especialmente no Brasil. Tais diferenças, entretanto, não prejudicam muito a intelegibilidade entre os locutores de diferentes dialetos.
O português europeu modificou-se mais do que as outras variedades. Mesmo assim, todos os aspectos e sons de todos os dialectos de Portugal podem ser encontrados nalgum dialecto no Brasil. O português africano, em especial o português santomense, tem muitas semelhanças com o português do Brasil. Ao mesmo tempo, os dialetos do sul de Portugal (chamados "meridionais") apresentam muitas semelhanças com o falar brasileiro, especialmente, o uso intensivo do gerúndio (e. g. falando, escrevendo, etc.). Na Europa, o dialeto "transmontano-alto-minhoto" apresenta muitas semelhanças com o galego. Um dialecto já quase desaparecido é o português oliventino ou português alentejano oliventino, falado em Olivença e em Táliga.
Após a independência das antigas colónias africanas, o português padrão de Portugal tem sido o preferido pelos países africanos de língua portuguesa. Logo, o português tem apenas dois dialectos de aprendizagem, o europeu e o brasileiro. Note-se que, na língua portuguesa, há um dialeto preferido em Portugal e que deu origem à norma-padrão: o de Lisboa (também chamado de Coimbra por ser falado na Universidade de Coimbra, mas que, no entanto, não é falado no resto dessa região). No Brasil, o dialeto de mais prestígio é o falado pelos habitantes cultos das grandes cidades, sendo os mais difundidos na mídia o de São Paulo e o do Rio de Janeiro. Todos os dialetos, contudo, são mutuamente inteligíveis sem nenhuma dificuldade e nenhum pode ser considerado melhor ou mais correcto do que os outros.

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