O conto da revisão urgente
A concorrência entre as agências de tradução é terrível. Muitos clientes finais simplesmente tiram três cotações e encarregam do serviço a agência mais barateira. As agências, pelo seu lado, empurram o problema para nós, basicamente porque somos a parte mais fraca. Como muitos tradutores acham que têm que aceitar todo serviço que lhes for oferecido, independentemente das condições, as agências não se sentem estimuladas a lutar por um preço melhor e, em vez de desenvolver meios de conquistar preços melhores, preferem arranjar meios de espremer o tradutor um pouco mais. É a lei do menor esforço.
Os recursos para mungir um desconto do tradutor são muitos, entre outras coisas porque cliente, seja direto ou indireto, acha que mentir para conseguir desconto não é pecado.
Agora, estão me aparecendo com o conto da “revisão urgente”.
Funciona assim: revisão, de modo geral, é cobrada por hora. Cobrança por hora é problema, por dois motivos: o primeiro é que uns são mais rápidos que os outros; o segundo é que uns são menos honestos do que os outros. Por isso, é comum combinar uma estimativa de horas para o serviço e cobrar de acordo com essa estimativa – ou justificar a diferença. Já me aconteceu de pegar um serviço ruim demais e cobrar o dobro do combinado. Precisei justificar o excesso, mas recebi. Claro que quando você cobra por hora e combina um teto, na verdade, está cobrando por palavra.
Mas estou fugindo do assunto. Deixa explicar como funciona o conto. É assim: cliente liga e diz “preciso de uma revisão urgente, tenho só uma hora para revisar cinco mil palavras”. Revisar cinco mil palavras em uma hora é uma tarefa impossível, ou, ao menos, insana. Não dá para cotejar com o original. Dá para corrigir os erros de português mais clamorosos, no máximo. Você se mata de trabalhar, fica exausto, tem que tirar um tempinho para descansar depois (que ninguém te indeniza).
A qualidade, claro, vai para o brejo. Mas quem está se importando com qualidade nessas horas? Segundo a agência, faça o melhor que puder, mas termine no prazo. E vocâ acaba granhando menos, para trabalhar feito doido.
Depois, quando o cliente reclama da qualidade, a agência te escreve, dizendo “lamentavelmente, tivemos uma reclamação contra um serviço que confiamos a você…” e ninguém se lembra que, no dia, disseram para você simplesmente limpar o grosso, sem se preocupar com detalhes.
Porque, no fim das contas, o responsável pela qualidade somos nós.
Os recursos para mungir um desconto do tradutor são muitos, entre outras coisas porque cliente, seja direto ou indireto, acha que mentir para conseguir desconto não é pecado.
Agora, estão me aparecendo com o conto da “revisão urgente”.
Funciona assim: revisão, de modo geral, é cobrada por hora. Cobrança por hora é problema, por dois motivos: o primeiro é que uns são mais rápidos que os outros; o segundo é que uns são menos honestos do que os outros. Por isso, é comum combinar uma estimativa de horas para o serviço e cobrar de acordo com essa estimativa – ou justificar a diferença. Já me aconteceu de pegar um serviço ruim demais e cobrar o dobro do combinado. Precisei justificar o excesso, mas recebi. Claro que quando você cobra por hora e combina um teto, na verdade, está cobrando por palavra.
Mas estou fugindo do assunto. Deixa explicar como funciona o conto. É assim: cliente liga e diz “preciso de uma revisão urgente, tenho só uma hora para revisar cinco mil palavras”. Revisar cinco mil palavras em uma hora é uma tarefa impossível, ou, ao menos, insana. Não dá para cotejar com o original. Dá para corrigir os erros de português mais clamorosos, no máximo. Você se mata de trabalhar, fica exausto, tem que tirar um tempinho para descansar depois (que ninguém te indeniza).
A qualidade, claro, vai para o brejo. Mas quem está se importando com qualidade nessas horas? Segundo a agência, faça o melhor que puder, mas termine no prazo. E vocâ acaba granhando menos, para trabalhar feito doido.
Depois, quando o cliente reclama da qualidade, a agência te escreve, dizendo “lamentavelmente, tivemos uma reclamação contra um serviço que confiamos a você…” e ninguém se lembra que, no dia, disseram para você simplesmente limpar o grosso, sem se preocupar com detalhes.
Porque, no fim das contas, o responsável pela qualidade somos nós.
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